O Que é a Inveja e Quais as Suas Consequências?

O Que é a Inveja e Quais as Suas Consequências?

A inveja é das energias mais corrosivas do nosso planeta. Todos sabemos que ela existe, pois todos já a sentimos alguma vez. Aquilo que não sabemos é o lugar de onde vem. Por que razão surge a inveja no nosso mundo interior?

Inveja é comparação. É o extremo da comparação. A filha da comparação. E todos fomos ensinados a comparar. A comparação é uma das bases da sociedade. É um dos seus resumos. Muita da nossa educação é assente na comparação. Comparar gera inveja e a inveja é um estado de competição. Quem compara não conhece verdadeiramente. Se compararmos duas coisas, não conhecemos profundamente nenhuma. Se conhecêssemos, saberíamos que a comparação era impossível e inútil. Como podemos comparar o incomparável?

Aprendemos a comparar pois vivemos repletos de crenças. Acreditamos que o outro possui um carro melhor, um corpo mais bonito, um trabalho mais interessante. Porque o outro tem mais dinheiro, tem mais habilidades e capacidades. Porque o outro isto, porque o outro aquilo…

Fomos condicionados a querer o que não temos. A nossa ingratidão atinge níveis inimagináveis. Querer aquilo que não temos porque o outro tem é comparação. Querer que o outro não tenha é inveja. Ambas são profundamente destrutivas. Se a comparação desaparecer, a inveja também desaparece.

Precisamos urgentemente de encontrar a beleza na individualidade. Todos somos diferentes e isso é divino. Porquê comparar? Quando aceitamos que somos quem somos e que não há nenhuma necessidade em sermos diferentes do que aquilo que somos, então conhecemos a magia da vida.

Se o objetivo fosse seres diferente de quem és, porque serias tal como és? O caminho espiritual não é sobre seres outra pessoa, é sobre deixares de ser quem não és. A existência não tem falhas. Ela não produz cópias, apenas originais. Tudo é exatamente como tem de ser.

A inveja tornou-se comum. Todos são invejosos. Praticamente todas as publicações nas redes sociais servem para alimentar a inveja. O outro parece estar bem melhor que eu, deixa-me mostrar-lhe que também estou muito bem. E ambos estão completamente destruídos, cansados e infelizes. Que sociedade doentia criamos? Onde todos parecem estar mais felizes e realizados…

A comparação é completamente inútil. É uma atitude profundamente estúpida. Por isso é que só existe no ser humano. As aves não se comparam, nem as árvores ou as estrelas. Tanto a comparação quanto a inveja são frutos da mente. Da mente doente. Nós só nos comparamos com pessoas. E se nos comparássemos com o sol? Ou com as montanhas? Ou com uma flor? Se o fizéssemos morreríamos de inveja. A existência do sol é tão pacífica, limita-se a brilhar. E a das montanhas?! Só precisam de existir, nada mais. Então e a existência de uma flor? Não tem preocupações, nem desafios, nem obstáculos. Por que é que a tua existência é tão complexa quando a da natureza é tão simples? Por motivos como a comparação, por exemplo.

Estamos tão vazios interiormente que tentamos preencher-nos com o exterior. É aí que entra a constante preocupação com o outro. Com a vida do outro. Com as escolhas do outro. Estamos tão vazios que queremos aquilo que já somos, mas como fugimos de nós próprios, afastamo-nos da prosperidade, da felicidade, da plenitude. Só olhamos para fora. Tentamos ocupar-nos com o outro. O vazio que sentimos é tão intenso que começamos a desejar que o outro o sinta. Que perca o que tem. Que não alcance o que deseja. A inveja que sentimos corrói-nos por dentro de tal forma que queremos que o outro sofra. Dizemos coisas como: «que o karma não falhe», «foi sorte ter chegado onde chegou» ou «Deus tudo vê». Somos obscuros e queremos espalhar escuridão. Se nos permitíssemos olhar para dentro, então a nossa felicidade iria germinar. Iríamos encontrar um amor verdadeiro por todos os seres. Uma compaixão pelos que não sabem fazer melhor, pois estão condicionados pela própria mente.

Como muitos conhecem o vazio que sentem, procuram conhecer o outro. Contudo, tudo o que alguém vazio pode conhecer no outro é somente o exterior, nada mais. Quando seres vazios conhecem o exterior do outro, nasce a inveja. Tu apenas podes conhecer verdadeiramente o teu mundo interior. Se não gostares do que sentes e do que acontece nele, serás incentivado pelo teu ego a olhares para fora. É bem menos doloroso do que olhar para dentro e encontrar um vazio. Como não gostamos do que se passa no nosso mundo interior, criamos uma máscara. Muitos sorrirem quando desejam chorar. Tu podes conhecer o exterior de todos, mas o exterior é uma ilusão. O exterior são somente atuações. Tu consegues atuar, por que o outro não conseguiria?

Somente aqueles que conhecem e estão presentes no seu mundo interior, observando-o atentamente, é que são capazes de conhecer verdadeiramente o outro. Não as máscaras que usa, mas o que lhe vai no coração. Aqueles que se conhecem, não comparam. Não caem na ilusão das aparências. Permanecem atentos, profundamente atentos e profundamente harmoniosos. Sabem perfeitamente que a comparação é medíocre, pois encontraram a beleza da individualidade. Cada pessoa é única e incomparável. Só quando se abraça a individualidade é que se pode ser abraçado pela unidade. Sem a sabedoria da individualidade, tudo é superficial e ilusório. Não há verdade. Não há vulnerabilidade. Não há humanidade.

Somente os que estão no escuro se incomodam com a luz. Os seus olhos já se tinham adaptado à escuridão e a luz parece feri-los. Se os outros sofrerem, então está tudo bem. Mas se os outros prosperarem, então isso mexe com eles.

A inveja faz-nos sofrer constantemente. Começamos a viver num inferno. Só nos sabemos lamentar e nada nos deixa realmente satisfeitos. A inveja leva-nos à falsidade e à mentira. Ela consome os nossos dias e noites e começamos a fingir ter o que não temos, possuir o que não possuímos, ser o que não somos. Tornámo-nos desumanos, fictícios, falsos. A inveja conduz-nos a um estado de mentira e manipulação. Se o outro tiver algo que desejamos, mas se as nossas condições de vida não nos permitirem adquirir tal coisa, procuramos algum tipo de substituto mais barato. Por vezes, começamos até a imitar o estilo de vida do outro. Estamos tão doentes que queremos ser cópias. Procurámos sê-lo.

O invejoso não sabe quem é. Desconhece a luz e a beleza que carrega em si. A inveja é pior que veneno, pois ela envenena todo o ser e não somente o corpo. Para soltar a inveja, precisamos de embarcar numa jornada interna. Precisamos de investir no nosso coração e de cuidar do nosso espírito. Precisamos de crescer, de nos transformarmos num ser cada vez mais autêntico e espontâneo.

Ama-te e respeita a individualidade que habita em ti. Nunca houve alguém como tu e nunca haverá. Honra a forma como a natureza te fez e irás honrar a forma como a natureza fez os outros. Se o fizeres, não quererás ser quem não és nem te alegrarás com a tristeza do outro. O fingimento deixará de fazer sentido e a verdade será a tua única realidade. A plenitude da existência já existe em ti, sempre existiu, só precisas de lhe dar atenção.

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