O Amor e a Saudade Impossibilitam a Morte

O Amor e a Saudade Impossibilitam a Morte

Escutei o que mais temia escutar. Uma voz frágil e trémula disse-me que te tinha perdido. O teu coração deixou de bater. Os teus pulmões deixaram de respirar. O teu corpo começou a arrefecer. Disseram-me que te perdi. Senti isso. Que não te iria ver mais. Que a tua voz seria levada pelo tempo. Que o calor do teu corpo não podia mais ser sentido por mim. Até temi esquecer-me do teu rosto. Tinha-te perdido, não é? Para todo o sempre.

O tempo passou e nada curou. Mas também nada levou. Ainda me recordava do tom da tua voz como se te estivesse a ouvir. Lembrava-me do teu toque como se o estivesse a sentir. O teu rosto sobressaía na minha memória como se te estivesse a ver. E estava. Ouvia-te. Sentia-te. Via-te. Não deixei de te viver. Vivia-te de tal forma que vivias em mim. Então descobri que não te perdi. Não tinha como te perder. A morte é esquecimento. Sempre estiveste presente em mim. O meu coração fala-me de ti em cada batimento. Às vezes, sinto que és tu que me falas através dele. Que me acaricias através do vento. Que me abraças através dos raios calorosos do sol. Que me amas através da vida que existe em mim.

A morte só tira de nós o que nunca foi nosso. O que é verdadeiro permanece, não tem fim. A morte não te tirou de mim, tornou-nos num só. Vives em mim como vivo em ti. Agora, sei o que significa eternidade. O amor e a saudade impossibilitam a morte. Tornam-na fraca.

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